O espetáculo Os Sapatos que Atravessam a Rua traz à cena a força e a sensibilidade de Miós, uma sapateira que carrega nas mãos o ofício e nas palavras as histórias das mulheres que passam por sua vida. Cada par de sapatos que ela conserta guarda uma memória, uma dor e uma resistência, e é a partir dessas marcas que a narrativa se constrói, abordando de forma poética e contundente o tema da violência doméstica.
 

Com dramaturgia e direção de Áurea Liz e atuação de Gelly Saigg, o espetáculo mergulha nas camadas da experiência feminina, transformando o cotidiano da oficina de sapatos em espaço simbólico de escuta, acolhimento e transformação, e propõe uma reflexão delicada e poética sobre o alarmante índice de feminicídios no Brasil e o silêncio social diante dessa violência. A encenação, de caráter intimista e sutilmente simbólico, transforma o espaço da oficina em um lugar de memória, denúncia e escuta.

A personagem Miós aprendeu o ofício com a mãe, que também lhe deixou a missão de narrar as histórias das mulheres que por ali passavam, e, com isso, costura passado e presente, dor e esperança, arte e vida.
 

Nesta primeira edição, o projeto realiza seis apresentações em escolas públicas do Distrito Federal, levando teatro e reflexão para estudantes e comunidades escolares. Dia 30/10 (quinta-feira) no CEF 01 de Sobradinho e dia 31/10 (sexta-feira) no CEM 414 de Samambaia. A cada apresentação será realizada também uma roda de conversa sobre violência doméstica. 

A temporada inicial é voltada ao público escolar, mas o grupo prepara novas apresentações abertas ao público, que em breve chegarão aos teatros de Brasília e de outras regiões do país. “Os Sapatos que Atravessam as Ruas” é uma obra que fala sobre mulheres, escuta e resistência, e convida o público a atravessar, junto com Miós, as ruas que se constroem entre a dor e a esperança.